Anastasia diz que transposição do Rio São Francisco é um crime ambiental contra MG

Antonio Anastasia esteve ontem em Santo Hipólito, na Região Central, onde foi presenteado com um Dourado pescado na parte despoluída do Rio das Velhas - Foto Leo Drumond / Nitro

O governador Antonio Anastasia cobrou mais empenho do governo federal no processo de revitalização do Rio São Francisco, que não foi realizado antes de iniciar as obras de transposição das águas do Velho Chico. Antonio Anastasia afirmou que, reeleito, continuará trabalhando para a revitalização do São Francisco. Ele destacou que o Governo de Minas já investiu mais de R$ 1,4 bilhão em obras de saneamento para revitalizar o Rio das Velhas, principal afluente do Rio São Francisco, e o governo federal não se preocupou em recuperar o rio que nasce na Serra da Canastra e percorre cerca de mil quilômetros em Minas.

“O Governo de Minas já deixou claro, inúmeras vezes, que é radicalmente contra a transposição. Ela é um crime ambiental contra o Brasil, contra Minas”, ressaltou Antonio Anastasia, em entrevista no último sábado, dia 14, logo após ter mergulhado ao lado do ex-governador Aécio Neves no leito do Rio das Velhas, próximo à cidade de Santo Hipólito, em solenidade de divulgação do balanço da Meta 2010 e do lançamento da Meta 2014 para a revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.


Crime ambiental

Antonio Anastasia afirmou que o Governo de Minas continuará defendendo a revitalização do Rio São Francisco e, reeleito, não permitirá qualquer intervenção do governo federal no Rio das Velhas para construção de barragens, em razão dos riscos de danos ambientais na bacia e prejuízos à população ribeirinha.

“O barramento do Rio das Velhas não tem nenhum interesse para Minas. Causa uma perturbação ambiental grave na bacia do Rio das Velhas. O único objetivo, aparentemente, é favorecer a transposição. Demonstra uma falta de compreensão. Mais do que isso, de sensibilidade. Porque basta indagar as pessoas que estão aqui, as centenas de comunidades, a sociedade civil que se manifesta contrária a esse barramento, que só tem um único propósito: tirar a água do São Francisco e levar, sabe-se Deus, para onde e com qual propósito. Então, somos contra e vamos trabalhar sob o ponto de vista político, administrativo e judicial, contrários”, reforçou o governador.

Defesa do Velho Chico

A revitalização do Rio São Francisco sempre foi uma das principais bandeiras de Aécio Neves e Antonio Anastasia, nos últimos oito anos. Antonio Anastasia garantiu que dará continuidade ao projeto de Minas em promover o desenvolvimento econômico de forma sustentável. Um dos projetos do Governo de Minas também é trabalhar para que o rio receba da Unesco o título de Patrimônio da Humanidade.

“A questão ambiental em Minas é sempre uma questão de muita atenção. O meu propósito maior é sempre conjugar a questão ambiental com a questão da sustentabilidade, com a questão econômica e também com o turismo. Acho que nós podemos, cada vez mais, adotar mecanismos para mostrar que a preservação ambiental é um bom negócio. No momento em que transformarmos a preservação ambiental, cada vez mais, em um negócio lucrativo, de interesse para os proprietários, vamos ter uma sensibilidade maior”, disse o governador.

Rigor na legislação ambiental

Minas Gerais avançou muito na área ambiental nos últimos oito anos. Desde 2003, houve aumento de 30% nas áreas protegidas. Minas se destaca com a criação de novas unidades de preservação, entre elas parques estaduais abertos ao público. O Estado tem, atualmente, 203 unidades de conservação, sendo 28 criadas desde 2003, totalizando 2 milhões de hectares, dos quais 675 mil são de proteção integral.

O Estado também tem uma das legislações mais rigorosas do país para a preservação e recuperação das matas nativas. A nova Lei Florestal, sancionada em setembro do ano passado, fixa, de maneira inédita no país, limites para consumo legal de produtos originados da vegetação nativa de Minas. Ficou estabelecido que o consumo de produtos e subprodutos florestais de matas nativas não deverá ser maior do que 5%, a partir de 2018. A legislação anterior permitia que as indústrias suprissem toda a sua demanda por matéria prima com produtos florestais de mata nativa, desde que houvesse reposição florestal.

A nova legislação florestal prevê um cronograma para a redução do consumo de produtos da vegetação nativa. Até 2013, as indústrias devem utilizar, no máximo, 15% de produtos procedentes dessas florestas. De 2014 a 2017, o máximo permitido será de 10%. As novas empresas que se instalarem no Estado estão obrigadas, com a nova lei, a comprovar que seu consumo é de 95% de matéria prima proveniente de florestas plantadas. Caso alguma empresa opte por manter o consumo de matéria prima florestal nativa até o limite de 15% terá que garantir a reposição em proporções fixadas pela lei.

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